07 janeiro 2007

Perturbações oro-faciais: alterações músculo-esqueléticas e interferência na fala

As alterações da fala na sua maioria podem estar associadas a problemas oro-faciais, que passo a enumerar.

- Amígdalas hipertróficas – provocam alterações no posicionamento e mobilidade da língua. Por exemplo, quando a parte média da língua fica elevada, promove sigmatismo lateral;

- Dentes – ausência, apinhamento ou outras alterações provocam alterações do espaço intra-oral, dificultando o posicionamento da língua e a articulação precisa dos fonemas. Por exemplo, os diastemas provocam alterações na fala como assobio e maior escape de saliva e anteriorização dos fonemas;

- Oclusão e mordida – as mordidas abertas, cruzadas e sobre-mordidas alteram igualmente a produção dos fonemas. Nas últimas é frequente a ocorrência de assobio nas sibilantes, devido à falta de espaço vertical interno. No caso das mordidas cruzadas, pode ocorrer deslizamento lateral da mandíbula e consequentemente, má produção das sibilantes. As mordidas anteriores promovem o aparecimento de sigmatismo anterior e anteriorização do ponto articulatório dos fonemas linguo-dentais. O sigmatismo lateral também pode surgir devido à posição alta da parte média da língua, impedindo a passagem do ar;

- Disfunção temporomandibular – podemos observar nestes casos lateralização da mandíbula na produção do fonema /s/ e do /z/ e redução da amplitude dos seus movimentos;

- Movimentos mandibulares – surgem como tentativa de compensação dos défices, em casos de respiração oral e mordida cruzada lateral ou aberta anterior, por exemplo;

- Saliva – quando existe acumulo de saliva a produção dos sons é mais imprecisa, devido às manobras de contenção salivar;

- Alterações estruturais da face – se durante o desenvolvimento craniofacial existem alterações, podemos observar desproporções entre essas estruturas, que acarretam alterações ao nível da fala. Por exemplo, quando as faces são curtas, o espaço intra-oral é menor, o que conduz a movimentos mandibulares anteriores e laterais, que culminam na articulação incorrecta das sibilantes;

- Próteses – normalmente, só surgem problemas quando estas são mal construídas e adaptadas, então os seus portadores acabam por diminuir a abertura da boca, causando imprecisão articulatória;

- Freio da língua – quando existem modificações a este nível, a mobilidade da língua fica claramente prejudicada, especialmente em fonemas como /r/ e o /l/;
Quando existem alterações ao nível músculo-esquelético, as modificações da fala revelam-se no ponto articulatório, regra geral, tal como as distorções (sibilantes e /r/). Se são alterações funcionais podemos encontrar, mais facilmente, imprecisão articulatória.

REFERÊNCIA:
Marchesan, I.Q. (2004). Alterações de fala de origem musculoesquelética. In: Ferreira, L.P., Befi-Lopes, D.M. e Limongi, S.C.O. (Orgs.). Tratado de fonoaudiologia. São Paulo, Roca. pp. 292-303.

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REALIZADO POR: DANIELA DE OLIVEIRA VIEIRA (aluna finalista de TF na UFP)