20 dezembro 2006

Mobilidade do olhar e perturbações da leitura

As dificuldades da visão próxima na criança
Após alguns estudos, concluiu-se que, em crianças sem problemas a partir dos 4,5 anos, a coordenação binocular é medíocre, sobretudo a uma distância curta, precisamente a da leitura. A uma distância maior, a criança de 8, 10 e 12 anos adquire uma coordenação binocular mais próxima da do adulto. Pelo contrário, a uma distância curta, mesmo aos 10-12 anos, a qualidade da coordenação mantém-se inferior. Devido a esta descoordenação, o objecto fixado no fim da sacada ocular não é projectado na fóvea de cada olho e, consequentemente, as duas imagens não se fundem no córtex: podendo resultar uma imagem dupla. Para compensar este defeito, o cérebro comanda movimentos lentos de divergência ou de convergência, de modo a realinhar os dois eixos ópticos sobre o objecto.

Estes defeitos na motricidade binocular dão lugar a momentos de visão perturbada, estimulando a aprendizagem oculomotora e a adaptação que tende a melhorar a coordenação motora dos dois olhos. Assim, a coordenação binocular motora melhora graças não só à maturação e harmonização muscular, mas também devido a mecanismos de aprendizagem e de auto-regulação.

Problemas oculomotores e dificuldades da leitura
Quando lemos, os olhos efectuam sacadas da esquerda para a direita. Cada sacada é seguida de um período de fixação e estes momentos ocupam 90% do tempo da leitura. Estes instantes são de grande actividade, porque servem para a análise visual e para o tratamento perceptivo, assim como para a preparação da sacada seguinte. A preparação da sacada necessita de um trabalho cortical importante que ocorre em paralelo com o tratamento e compreensão do texto. A mobilidade ocular é uma condição fundamental para uma leitura eficaz – movimentos de vergência consoante a proximidade, assim como movimentos de sacada rápidos e coordenados entre os dois olhos.

As crianças entre os 6 e os 7 anos apresentam um deficit de coordenação a uma distância próxima, sendo confrontados temporariamente com uma visão alterada. Assim, aquando da aprendizagem da leitura, por volta daquela idade, as crianças têm que aprender simultaneamente a ler a e coordenar os movimentos dos olhos.
A questão que se coloca é se os problemas oculomotores associados à dislexia resultariam de uma aprendizagem oculomotora mais lenta ou deficiente. Alguns estudos demonstram que muitos disléxicos têm problemas de vergência e de coordenação binocular da sacada. A autora do artigo considera que o estado da vergência é primordial para uma leitura sem cansaço.

Devido às dificuldades de leitura das jovens crianças, nomeadamente disléxicas, deveria investigar-se um eventual deficit oculomotor. A vergência e a coordenação binocular da sacada podem ser moduladas pela aprendizagem, por isso a reeducação ortóptica da vergência permitirá uma maior rapidez na execução desse movimento. Deste modo, os exercícios habituais de reabilitação deveriam ser enriquecidos com métodos dinâmicos e interactivos inspirados nestas pesquisas.

Em suma, as crianças disléxicas terão uma descoordenação binocular da sacada, uma fixação instável no espaço e uma dificuldade na divergência. Estes resultados são importantes para o desenvolvimento de actividades visuo-motoras que ajudem a criança disléxica a aprender a manter melhor o olhar e a atenção visual nas palavras, de forma a obter melhores performances na leitura.

REFERÊNCIA:
Kapoula, Z. (2005). Mobilité du regard et troubles de la lecture. Orthomagazine, nº 60 (septembre/octobre 2005). Issy-les-Moulineaux: Masson, pp.22-26.

Realizado por Eva Antunes

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A boca dos dias não é como a da gente sempre disse a minha avó, é maior e mais funda e dela sai um aroma a phalaenopsis acabadas de colher, e sabe a nozes com pão.

Um Bom Natal,

Alcebíades José.

23/12/06 5:02 da tarde  
Blogger Eva Antunes said...

Feliz Natal!

23/12/06 11:25 da tarde  

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