17 dezembro 2006

Mobilidade do olhar

O estudo do movimento dos olhos é um dos domínios de predilecção das neurociências cognitivas, sendo uma forma de analisar o funcionamento e o desenvolvimento do cérebro. A mobilidade do olhar e a visão estão interligados, uma vez que a visão fina só é possível se a imagem está estável e projectada na zona central da retina (a fóvea). Há três tipos de movimentos para a exploração visual: as sacadas, os movimentos de vergência e os movimentos combinados.

A sacada ocular é o mais rápido dos movimentos naturais e trata-se da fixação do olhar seguida de um movimento veloz. As sacadas podem ser laterais, verticais ou oblíquas e os dois olhos mexem simultaneamente na mesma direcção praticamente com a mesma amplitude. A vergência corresponde aos movimentos efectuados quando transferimos o nosso olhar de um objecto distante para um objecto próximo – convergência – e aos movimentos de passagem de uma visão próxima para uma distante – divergência. A vergência é essencial não só para a percepção do relevo e das distâncias, mas também para o equilíbrio. A sua disfunção desestabiliza as imagens na retina, causando sensações de vertigens e alterações de equilíbrio. Os movimentos combinados, dirigidos lateralmente (ou verticalmente) e em profundidade, são usados para fixar objectos em direcções e distâncias variadas, sendo os mais efectuados porque os objectos raramente estão alinhados no plano mediano. Os olhos mexem incessantemente: movimentos de sacada muito rápidos e de vergência mais lentos.

O tempo de preparação para os movimentos é a latência e durante esse período ocorre o deslocamento da atenção visual para o objecto alvo, o cessar da fixação, a determinação dos parâmetros do movimento a efectuar e a decisão de mexer.

Tempo de preparação e maturação cortical na criança:
O tempo de latência dos movimentos é mais longo na criança e diminui com a idade até aos 10-12 anos, altura em que fica semelhante à do adulto. São os movimentos de convergência que necessitam de um tempo de latência mais longo e são mais variáveis, seguidos dos de sacada e depois os de divergência. Todos estes movimentos, nomeadamente os de vergência, são primordiais na vida quotidiana e escolar da criança, que tem que passar da leitura do quadro ao longe para o seu caderno. A lentidão no despoletar destes movimentos deve ser tida em conta nos desempenhos da criança.

REFERÊNCIA:
Kapoula, Z. (2005). Mobilité du regard et troubles de la lecture. Orthomagazine, nº 60 (septembre/octobre 2005). Issy-les-Moulineaux: Masson, pp.22-26

Realizado por Eva Antunes

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Parabéns pelo teu Blog!
Sou aluno da UFP e finalista do curso de psicologia, estava a fazer uma pesquisa sobre o modelo dupla-via e encontrei o teu Blog! muitos parabéns, continua...
Vou continuar a visitar o teu Blog!

18/12/06 3:25 da tarde  
Blogger Eva Antunes said...

É sempre bom encontrar um colega da UFP. Obrigada e até à vista! ;)

18/12/06 10:44 da tarde  

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