Atraso do Desenvolvimento da Linguagem: características linguísticas
Articulação verbal:
- Diferentes formas de simplificação fonológica;
- Dificuldades na produção de grupos e encontros consonânticos;
- Redução dos ditongos;
- Ausência da vibrante múltipla /R/ e dificuldades na colocação do /r/ e substituição pelo fonemas /l/ e /d/;
- Substituição inconsistente do /s/ por /t/, o que está muito relacionado com a super-protecção;
- Produção frequente de assimilações;
- Redução do sistema consonantal do adulto, de forma a simplificá-lo – mais evidente em tri e tetrassílabas;
Semântica: conteúdos cognitivos escassos; compreensão normal (uso, forma, tamanho, etc.), com apoio de gestos;
Morfo-sintaxe: nível normal;
Pragmática: não se observam distorções, nem dificuldades especiais;
ADL moderado
Articulação verbal:
- Redução de padrões fonológicos é mais evidente, para além dos anteriormente referidos, existe: ausência de fricativas, substituídas por oclusivas; fala muito infantilizada; presença de omissão de sílabas iniciais ou assimilação; produção de apenas dois tipos de construções silábicas: V e CV; ausência de ditongos, consoantes finais, sílabas inversas e complexas;
Semântica: - Pobreza de vocabulário;
- Nomeiam objectos familiares, mas desconhecem o nome (uso, relação com outros conceitos, etc.) de muitos outros objectos e conceitos conhecidos por crianças da mesma idade;
- Existe uma diferença notória entre a compreensão e a expressão, sendo que a primeira tem vantagem sobre a segunda, especialmente num ambiente familiar e próximo à criança;
Morfo-sintaxe:- Apresentam sinais que determinam funções semânticas primárias: interrogação, negação; utilizam indicadores interrogativos (pronomes e advérbios) e com boa entoação;
- Apresentam défices nos sinais que determinam funções semânticas secundárias de categoria nominal (género e número) e verbal (morfemas de tempo, etc.);
- Défices acentuados nos sinais de superfície, que unem e modificam preposições à distorção dos artigos, substituição por gesto de expressões deícticas de espaço, ausência de subordinação, de justaposição e estruturas de frases simples;
ADL grave – nestes casos é importante fazer um diagnóstico diferencial em relação ao atraso intelectual e à síndrome de desatenção:
Articulação verbal: padrões fonológicos muito reduzidos; perturbações articulatórias múltiplas; só se percebem as suas expressões pelo contexto;
Semântica: reduzida em quantidade e qualidade;
Morfo-sintaxe: etapas muito primitivas: holofrase, fala telegráfica;
à Pragmática: “conversação” centrada em si mesmo; funções básicas são inferidas pelo contexto, pois não possuem uma forma linguística apropriada.
Bibliografia:
Aguado, G. (1997). Atraso da linguagem. In: Peña-Casanova, J. (Org.). Manual de fonoaudiologia. 2.º Ed. Porto Alegre, Artes Médicas. pp. 194-209.
REALIZADO POR Daniela de Oliveira Vieira (aluna finalista de TF na UFP)
5 Comments:
Interessante essa tua perspectiva, embora eu não esteja totalmente de acordo em certas coisas mas respeito, afinal é para isso que serve a Democracia.
Uma pergunta, posso?
Já li e reli, diversos excertos, mas não vejo algo que relacione com filhos/as surdos/as oralistas de pais ouvintes.
O que você pensa dessa abordagem? Implica uma série de factores considerados teoricamente como um problema e falta de identidade cultural?
beijinho.
Memorex.
Surda Profunda e oralista, filha de pais ouvintes.
As abordagens relativamente aos surdos não são consensuais. Da minha experiência pessoal, creio que a Língua Gestual é a língua natural e espontânea para os surdos - essencial para um desenvolvimento cognitivo e linguístico saudável e atempado. Todo o ser humano precisa de uma forma de comunicar desde que nasce. No entanto, não se pode descurar a oralidade, uma vez que a maioria da comunidade é ouvinte e não sabe Língua Gestual. O esforço maior continua sempre a ser exigido ao surdo...
Bom, é ai que entra o contexto da ilusão empirica do factor "deficiente auditivo" e "Surdo".
São temas completamente distintos de um outro, não creio que a LGP seja exclusivamente a única língua natural dos "Surdos" depois de muito reflectir e pensar.
Simplesmente não estou a favor, estive inserida numa comunidade mas defraudou todas as minhas expectativas iniciais derivado a pobreza de vocabulário, sobretudo á escassez de cultura dos Surdos Gestualizados.
Já pensou, alguma vez que existem pessoas cujo handicap auditivo acentuado são casos de sucessos e muitos deles, vivem alegramente no patamar dos ouvintes nunca dando muita importância na sua Surdez, é apenas uma limitação.
Há muita coisa errada, quer no plano educativo, quer nas informações abordadas, e puro desconhecimento perante Surdos Oralistas.
Surda Profunda desde os dois anos de idade, Oralista - Filha de pais ouvintes.
Memorex,
Gosto muito daquilo que diz porque me faz sempre reflectir mais sobre um tema que me interessa muito e tens uma perspectiva bem fundamentada.
Alguns surdos não se consideram deficientes e acho que aqui entra a diferença entre os conceitos de deficiência, incapacidade e desvantegem.
Creio que o termo "comunidade" e "cultura" são claros indicadores do afastamento que há entre surdos e ouvintes. Porque será?
De facto, a maioria dos surdos profundos tem um vocabulário mais restrito do que o dos ouvintes. No entanto, na minha opinião, essa dificuldade é ultrapassada por uma expressividade muito superior à dos ouvintes.
O desconhecimento é em relação não só aos surdos oralistas mas também aos gestualistas. Porque não encontrar um meio termo?
Bjs, Eva
Olá...
Eu gostei muito como está caracterizado o ADL. Eu acabei agora o Estágio II, e neste momento estou a fzer o portfólio, será que tens alguma bibliografia que me pudesses fornecer sobre ADL?
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